Você já parou para pensar quantas imagens diferentes existem de Dom Quixote?
Schilling, em seu livro D. Quixote, o melhor livro do mundo, considera o personagem Dom Quixote, juntamente a Hamlet, nas palavras do autor, “[…] os dois grandes ícones literários do homem ocidental nestes últimos quatro séculos” (SCHILLING, 200-, p. 21). Não é à toa, então, que tão famigerada figura resultasse em tanta inspiração para renomados artistas do passado e do presente.
As ilustrações geradas por artistas nos séculos XVIII e XIX mostram um D. Quixote por seu próprio ponto de vista, elegante, bem armado, arrumado, de postura aristocrática, como nas ilustrações de Luis de Surugue e Ângelo Ramon Martí.
Gustave Doré, ilustrador do livro de Cervantes em 1863, traz um D. Quixote delgado, porém de feição desgastada, juntamente às cenas que criava em sua mente tão imaginativa:
Manuel Macedo retrata o “cavaleiro” cansado, agonizante, assim como seu cavalo. Francisco Pastor reproduz um personagem elegante, vestido em sua armadura nova e lustrada:
Alfredo de Morais revela um D. Quixote de aspecto derrotista e fatigado. Júlio Pomar, em suas ilustrações de 1950, manifesta o aventureiro em linhas e traços, mostrando-o desordenada e obscuramente, como era o personagem.
Eduardo Teixeira Coelho retrata-o em meio a uma de suas fantasias, combatendo gigantes para depois gabar-se para sua amada:
Lima de Freitas caracteriza D. Quixote de uma forma bem próxima do que ele verdadeiramente é: o personagem pensa ser um herói, forte, de postura aristocrática, mas que não passa de um sonhador de aspecto minguado. E, assim, a imagem do lutador começa a mudar.
Salvador Dalí revela um D. Quixote desarmado e nu, por isso afastado de suas fantasias, além de mostrar, em sua tela de moinhos de vento, uma viagem em meio à confusão mental de D. Quixote, perdido em meio aos seus devaneios. Dali traz, também, um cavaleiro pronto para a luta com seus braços erguidos a espera do combate.
Já Pablo Picasso, apesar de retratá-lo com seu aspecto cansado, mostra-o erguido em sua postura alongada e confiante.
Cândido Portinari, contudo, revela um personagem duvidoso, desconfiado, desarmado, a procura do seu “eu”:
Os diversos modos de retratar Dom Quixote mostram a complexa figura do personagem, que pode criar e recriar diferentes pontos de vista na imaginação do seu leitor.
E você, qual a imagem que você faz de Dom Quixote?
Referência:
SCHILLING,Voltaire. D. Quixote, o melhor livro do mundo. Memorial RGS. (200-) Disponível em: <http://www.memorial.rs.gov.br/cadernos/quixote.pdf>. Acesso em: 6 mar. 2011.
Oi, Janete,
meu filho de 9 anos estava pesquisando sobre Dom Quixote e encontrou este teu texto, achei muito legal…
abraços
Gláucia Gallerani
Curitiba- PR
Prá você que gosta de poesia tomo a liberdade de sugerir um blog de uma terapeuta de Florianópolis: http://euqueroserumamocalivredemauscostumes.blogspot.com/
abraços
Gláucia
Olá, Gláucia. Fico feliz em saber que você gostou. As imagens falam bastante de Dom Quixote, né?
Obrigada pela dica do site, bem legal. Lindas poesias e imagens, também. Bom viajar tão fácil pela literatura…coisa boa a tecnologia..:-)
Volte sempre!!!:-)
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